Desde que me interessei por viagens, a palavra Toscana entrou em meu vocabulário. Revistas, livros, jornais e blogs de viagem frequentemente apresentavam uma matéria sobre esta região da Itália. No entanto, eu só entendi o porquê depois que tive a chance de visitá-la.

Nenhuma matéria, fotografia ou livro seria capaz de descrever o sentimento de estar lá. Visitar a Toscana é estar em uma panela com diversos ingredientes de encantamento, como: paisagens rurais, cultura, culinária única, vinhedos, olivais e o charme de suas construções medievais.

Se você tem pouco tempo para viajar, informo que a Toscana possui atrações e experiências que facilmente tomariam seus 15 ou 20 dias disponíveis. Mas, como poucos tem o privilégio de viajar por muitos dias, elaborei esse post para lhe ajudar a selecionar e organizar sua viagem de maneira eficiente, aproveitando o que há de melhor nessa inspiradora região.

Primavera (21 de março a 20 de junho): é o período das festas e feiras. O clima é agradável, os preços são amigáveis, os campos estão floridos e a natureza exibe todo seu esplendor. Abril ainda tem noites frias e pode chover ocasionalmente. Há uma grande oferta de produtos locais e agrícolas. O clima é perfeito para caminhadas e os valores das hospedagens estão com excelente custo-benefício. Sem dúvidas, esse é meu período favorito para visitar a Toscana.

Verão (21 de junho a 20 de setembro): o clima na região torna-se muito quente, ao ponto de ser desagradável. No fim de junho e julho os girassóis florescem embelezando ainda mais a paisagem. Em julho, os custos da viagem sobem consideravelmente, e continuam a subir em agosto. Agosto é período de férias dos europeus, o que significa multidões e engarrafamentos. Corre-se o risco de não haver vaga em hotéis de algumas cidades. Há muitos festivais de arte e folclore.

Outono (21 de setembro a 20 de dezembro): O clima entre a segunda quinzena de setembro até o fim de outubro é agradável e praticamente sem chuva. Em novembro e dezembro faz frio e com muitos dias nublados ou chuvosos. É época dos festivais de gastronomia e da vindima (colheita da uva), uma excelente oportunidade para provar saborosos vinhos locais à vontade, direto da fonte e mais baratos que uma garrafa de água. Se viajar nessa estação, tente concentrar sua viagem entre a segunda quinzena de setembro até o fim de outubro.

Inverno ( 21 de dezembro a 20 de março): o frio e a chuva chegam com força à região. É baixa temporada, cidades menores podem ter atrações inoperantes ou em manutenção antes do início da nova temporada. Há diversos eventos religiosos e belos presépios são montados nas igrejas. Vale lembrar que os italianos não celebram o Natal com a mesma euforia que os brasileiros.

A lista de cidades abaixo representa minhas favoritas sem levar em consideração uma ordem de preferência. Sugiro que não se limite à esta lista. Vivenciar a Toscana significa explorar, descobrir, admirar e dedicar seu tempo ao que mais lhe dá prazer.

Nota: Falar sobre as atrações de cada cidade tornaria este post muito extenso, portanto o considere como um resumo das experiências que cada cidade proporciona.

Florença é a capital e maior cidade da Toscana. Tem grande importância histórica, foi berço do Renascimento e também local de nascimento de escritores, pintores e escultores que você provavelmente já ouviu falar em suas aulas de História. Michelangelo, Donatello, Botticelli e Maquiavel são todos florentinos.

Caminhar por suas ruas é caminhar pela história. A cidade abriga uma das mais importantes coleções de arte do mundo na Galleria degli Uffizzi e a Galleria dell’Accademia, onde se encontra a estátua original de Davi, esculpido por Michelangelo.

A Cattedrale di Santa Maria del Fiore é uma das mais belas catedrais da Europa e visitar todo seu complexo (igreja, cúpula, campanário, batistério) certamente lhe tomará um dia inteiro.

Sugiro 3 dias para conhecer a cidade. Mas, se pretende visitar os museus e aproveitar a atmosfera encantadora que Florença oferece aconselho 4 dias.

Siena é mundialmente conhecida por sua corrida de cavalos, o Palio de Siena. Qualquer semelhança com o nome do automóvel Fiat não é pura coincidência. O festival ocorre em duas datas, 2 de julho e 16 de agosto e deixa a cidade completamente lotada. Não se atreva chegar lá sem reservas nestas datas.

Existe uma rivalidade histórica entre Siena e Florença, a qual estende-se aos seus visitantes que tendem a preferir uma ou outra. Eu, particularmente, prefiro Florença. Mas jamais excluiria Siena do meu roteiro, pois ambas são belas e repletas de história e cultura.

Sugiro que comece a explorar a cidade pela Piazza del Campo, que tem formato de um leque. Esta é uma das maiores praças da Europa e partindo dela você poderá visitar outras atrações da cidade, que incluem: o Palazzo Pubblico (prefeitura da cidade), a Torre del Mangia, o Complexo Museológico Santa Maria della Scala e a Duomo (Catedral) que abriga belíssimos afrescos, além de obras primas de Donatello, Michelangelo e Nicola Pisano.

Todas as vezes que estive em Siena – ou levei meus viajantes para visitá-la – estivemos na cidade por 1 dia inteiro. Penso que seja o suficiente. Mas se quiser explorá-la com calma, penso que 2 dias sejam o suficiente.

Os apaixonados por Pisa que me perdoem, mas, apesar das diversas visitas a cidade, não consegui me encantar.

Com exceção de uma falha arquitetônica que deu origem a Torre Inclinada e de sua importância histórica, não consegui encontrar na cidade algo único ou que não se assemelhe às atrações de outras cidades da região.

Recomendo uma manhã para visitar a Piazza dei Miracoli que abriga a Torre, a Catedral, o Battistero e o Museu dell’Opera del Duomo. Se quiser completar seu dia, caminhe pelas ruas do centro e às margens do Rio Arno.

Muitos se encantam por essa cidade que já existia desde o século II antes de Cristo. A cidade já foi dominada por Etruscos, Romanos e até por Napoleão, que a transformou em um principado que foi presenteado à sua irmã Elisa.

As principais atrações da cidade são: a Via Fillungo, com suas butiques nada medievais; a Piazza Anfiteatro, assim nomeada por já ter abrigado um anfiteatro romano; a Cattedrale di San Martino, construída no século XI e o Palazzo Pfanner que abriga um belíssimo jardim barroco e serviu de cenário para o filme Retratos de uma mulher de 1996 com Nicole Kidman e John Malkovich.

Como um aficionado por fotografia e paisagens, me encantei com o jardim do palazzo e com uma caminhada ao fim da tarde pelas altas muralhas medievais que no passado protegiam a cidade. Atualmente, a muralha oferece belas vistas do centro histórico e dos Alpes Apuanos. Super recomendo um piquenique nas mesas disponíveis ao longo da muralha.

Não bastaria dizer que me encantei por essa cidade medieval, pois sou apaixonado por ela. Tamanha é minha paixão que me esforçarei para descrevê-la de maneira breve, mas podem esperar um post exclusivo sobre ela.

Ao se aproximar da cidade, logo notamos suas oponentes torres, que podem ser avistadas ainda de longe. Além disso, San Gimignano está localizada no alto de uma colina, o que garante ao visitante belas vistas das planícies da Toscana e do pôr do sol.

A cidade já teve 72 torres, hoje restam apenas 13 e você pode subir até o topo para contemplar as vistas. Apesar de abrigar museus e edifícios medievais seu maior encanto consiste em caminhar por suas ruas medievais, apreciar as belas vistas das planícies ao redor e apreciar seu excelente comercio de produtos locais, além do vinho exclusivo da região, o Vernaccia di San Gimignano. Já tive o prazer de me hospedar com vista para a Piazza della Cisterna, coração da cidade e local onde se encontra um poço medieval (como os que vemos nos filmes) e a sorveteria Dondoli que já ganhou o prêmio de melhor sorvete do mundo diversas vezes.

Um dia inteiro na cidade é o suficiente, mas recomendo imensamente uma noite aqui. Quando os turistas forem embora, você sentirá o gostinho da vida nos tempos medievais.

Esta é a cidade mais elevada da Toscana e foi construída sobre uma estreita cadeia de rochas vulcânicas. Por sua localização privilegiada, a cidade oferece belas vistas da Úmbria e do sul da Toscana.

A Piazza Grande é a principal da cidade. Nela se encontram o Palazzo Comunale (prefeitura), construído no século XIV; e a Duomo (Catedral), construída no século XVI e com a fachada ainda inacabada.

Como um bom apreciador da fotografia, o que mais me encantou nesta cidade foram as vistas para os vales ao seu redor, incluindo o Val di Chiana e Val d’Orcia. Para os apreciadores de vinho, aqui é a terra do mundialmente famoso Vino Nobile.

Tive o privilégio de conhecer Pienza em minha segunda visita à Toscana e me senti no dever de incluí-la nos roteiros e grupos que organizo à região.

A cidade é pequena e pode ser facilmente percorrida à pé em uma tarde agradável. Sugiro que tenha ao menos uma refeição por aqui, pois todas as experiências gastronômicas que tive forma memoráveis.

A Piazza Pio II (papa que nasceu na cidade) é também seu coração. Ao seu redor encontram-se as principais atrações, como o Palazzo Piccolomini e o Palazzo Vescovile.

Se possível, evite visitar Pienza no fim de semana para evitar as multidões.

Esta vila foi um achado em uma de minhas viagens à Toscana. Pequena, bela, com ótimas vistas e com pouco ou nenhum turista.

O que mais me encantou em Monticchiello foi a possibilidade de fazer belas fotos em uma vila medieval extremamente conservada, muito florida, sem ter que disputar espaço com outros viajantes.

Uma ou duas horas na vila já são o suficiente e você poderá levar de recordação belas imagens de sua passagem pela Toscana. Super recomendo!

Se você aprecia vinhos, certamente já ouviu falar do Chianti Clássico, famoso mundialmente e marca registrada da região de Chianti.

Greve é o principal centro da indústria do Chianti Clássico e, além dela, existem outras vilas que também participam da produção e merecem ser visitadas, são elas: Greve, Panzano, Gaiole, Radda e Castellina.

Greve é pequena e pode ser apreciada em poucas horas. Recomendo que percorra a estrada SR222, conhecida por ser uma das mais belas da Itália. Essa estrada o conduzirá por belíssimos vinhedos, olivais, castelos e fazendas. Garanto que não faltarão oportunidades para adquirir embutidos, azeites, vinhos e queijos.

O que me levou a Asciano (mais de uma vez) não foi exatamente a cidade em si, mas as belíssimas paisagens que vi em diversos cartões postais e se encontram em seu território.

Localizado na região de Crete Senesi, Asciano está cercada de paisagens rurais fotogênicas, fazendas e hospedagens com estradas margeadas por ciprestes, além de campos de trigo, aveia e rolos de feno, formando o cenário ideal para uma sessão fotográfica.

Visite por volta de 3h antes do pôr do sol e aproveite a luz perfeita do fim da tarde para registrar a região. Não esqueça de levar baterias extras!

• A cartão de visita da Toscana é o agroturismo. Portanto, andar por suas estradas de bicicleta, à cavalo, de carro ou moto são parte da experiência. Desfrute da maneira que mais lhe agradar.
• Os amantes de vinho precisam de um tempo a mais para aproveitar todas as atividades relacionadas. Há muitas opções, mas isso é tema para um outro post.
• Dedique ao menos 1 semana para a região
• Não concentre sua visita apenas nas cidades maiores como (Florença, Siena e Pisa). Caso o faça, saiba que sua experiência não terá sido completa.
• Se estiver de carro você poderá economizar muito hospedando-se em cidades e vilas menores no interior, há muitas opções de agroturismi ou pensioni (pousadas do interior de administração familiar) que oferecem preços mais atraentes que as cidades maiores.